O Dia das Crianças se aproxima para mais um compromisso na agenda superlotada dos pais. “O que vou comprar de presente?” ou “O que posso dar para o meu filho?”. Seria isso suficiente?
Dia das Crianças: presente ou presença?
Texto escrito por Edneia Dutra – Coordenadora da Escola de Mães
Fico imaginando como seria se as vitrines pudessem exibir lançamentos diferentes para o Dia das Crianças:
“Cara a cara com a mamãe”, “Quebra-cabeças com o papai”, “Jogo da memória em família”.
Imagine só se nas prateleiras estivessem os heróis do dia a dia, a liga da justiça contra o celular e outros vilões do tempo.
Quem sabe se existisse um “vale experiência” ou um cartão de bônus para rolar no tapete da sala, cards que pudessem ser trocados por cócegas, bonecas repetindo “hora da mamãe de brincadeirinha se divertir com a mamãe de verdade.”
Qual seria o efeito disso?
Como os pequenos consumidores reagiriam diante das grandes ofertas de atenção plena e afeto?
Eu acredito que as lojas teriam filas de crianças para garantir o tão desejado presente, imagino que muitos cofrinhos seriam abertos para que a valiosa brincadeira pudesse ter vez.
E, acredite!
Eles pagariam tudo que tivessem se alguma dessas opções estivesse à venda.
Mas o fato é que brinquedos têm preço. Já brincadeiras têm valor.
Presentear é um gesto de amor? Sim.
Aquela roupa de marca? O tênis da moda? O brinquedo mais tecnológico? O jogo do momento?
Que presente, afinal, supriria a presença?
Não são raros os casos de pais que, para se livrarem da culpa de um cotidiano frenético, de uma rotina desequilibrada e uma relação distante dos filhos, tentam compensar a conversa e o cafuné com o que pode ser parcelado em 10 vezes no cartão.
O prazer de rasgar a embalagem e a alegria de mais uma aquisição material são sensações que duram minutos, mas não conquistam a felicidade.
Há crianças que esperam ansiosas pela data em que poderão fazer o pedido mais importante: “ter pais”.
Eles costumam gritar em silêncio por atenção.
São crianças que geralmente contrariam todas as regras, frustram a expectativa dos adultos, agem com agressividade, apresentam problemas escolares ou se isolam num universo virtual e solitário.
Tudo só para serem notadas.
São filhos do quarto. Zumbis dos videogames. Enteados do YouTube.
Crianças e adolescentes que pedem socorro quando apenas balançam a cabeça, já sem ânimo para falar.
Afinal, as conversas parecem um roteiro pronto.
Os calendários voam e, com as folhinhas, se vai também a chance de ser presente.
Não é simplesmente dar. É sobre se dar.
Os melhores amigos se fazem de presença constante. Física e emocional.
Os vínculos só acontecem com tempo de qualidade.
As memórias só são construídas com histórias para relembrar.
Então, que tal oferecer para seu filho um presente diferente neste 12 de Outubro?
Uma manhã de pedaladas num passeio de bicicleta, um almoço em família sem banquete de tecnologia, um piquenique ao entardecer, uma noite de filme com pipoca ou até um brinquedo que vocês mesmos farão juntos?
Escolha o que tem valor e não o que tem preço.
Em vez de PRESENTE, ofereça PRESENÇA.
Quem sabe assim, os outros dias do ano também serão dias das crianças?
*Edineia Dutra é Coordenadora da Escola de Mães
escolademaes.com
Para ler as reflexões anteriores, clique abaixo.
Dia 4 – O que as dúvidas causam
Dia 5 – Não se perca pelo caminho
Dia 6 – O que o mimimi faz por você?
Dia 7 – Eu sei o que fazer, mas como faço?
Dia 8 – Caráter, intenção e conduta
Dia 9 – Preguiça até para receber ajuda
Dia 10 – Finanças e relacionamento afetivo
Dia 12 – Aja diferente, faça a diferença
Dia 13 – 12 regras para a vida
Nos vemos no próximo post!
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Maravilhada com esse texto! Realmente, retrata a triste realidade de muitas famílias. Vejo essa realidade em um estágio na área infantil com crianças da classe A e B… é muito triste ver o que as babás comentam sobre as mães e pais que nem sequer querem segurar seus filhos por 5 minutos,que nunca deram um banho em seus filhos desde que nasceram, que se a criança acorda chorando às 3:00 da manhã nem sequer vão perguntar o motivo do filho está chorando, mas, fazem grandes festas para mostrar pra sociedade que são bons pais e na rede social, claro! Triste ver que as crianças pedem carinho e nós como professores somos orientados a não dar…
Em meio a tantas revelações e descobertas nessa área que estou vivenciando, perguntei se ao menos as crianças têm seus pais aos fins de semana? E a resposta foi: claro que não! Eles pagam a babá folguista!?
Que triste… 🙁
Amei i texto. Tenho duas filhas uma com 20 anos e a outra 17 anos. Brincamos muito na época da infância delas e hj, dia das crianças, tomamos café juntas conversamos sobre roupa para descontrair um pouco, já que o assunto atual é sobre faculdade a mais velha faz jornalismo e mais nova vai tentar O PISM e o ENEM para tentar ingressar na Faculdade.
Lindo texto! É pena que quem mais precisa, não lê!
Patrícia, me emocionei com o seu texto…. me entristeço com tal realidade!
Vi na televisão um programa com crianças sendo entrevistadas…. e como elas “estão preocupadas com isso e aquilo”…. crianças que mal saíram das fraldas, com um olhar sério…. pensei: como será o íntimo desses pequenos?
Lembrei também de duas mães que respeito muito: a Sueli, mãe da Bárbara e a Sandra, minha cunhada, mãe do Victor, Breno e Laura! O que elas se sacrificam pelo bem dos filhos, que estão sendo formados com excelência: afinal, todos estudam, tem especialização na área das artes e caminham para o melhor em suas vidas!
Não deve ser fácil criar filhos nos dias de hoje…. há preço nos presentes, mas o valor da presença é imensurável!
Fica aqui meus cumprimentos!
Vânia
Esse texto incrível é da Neia Dutra da Escola de Mães! Beijos 😀
Bom dia Pat!
Com sabedoria voce descreve verdades mesmo não sendo MAMÂE como eu tbem não sou!
Parabéns pelo post.
Triste mesmo… não quero fazer propaganda de mim como mãe (rsrsrsrs), mas fui e ainda sou presente na vida do meu filho de 15 anos. Este fim de semana, fizemos juntos a maquete do trabalho escolar (ETEC). Foi justamente para SER mãe de verdade é que saí do meu emprego (lembra que te contei?). Não me arrependo, apesar de me sentir frustrada muitas vezes por não poder dar ao meu filho algumas coisas boas que tive na minha adolescência. A hora que acabar, vou sentir falta desse desafio dos 20 dias de reflexão. Pura terapia!
Eu creio que se sentir frustrada às vezes é normal em tudo, mas acho que vc se sentiria frustrada todos os dias se não tivesse convivido com seu filho. Beijos!
Fantástico!